quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Cadeiras

Amanhã à noite, quando você vier, vamos comer pizza em cima da cama. Não há mesa em minha casa. Não há fome maior que a minha.

Amanhã à noite, quando você vier, eu posso te contar de mim, um pouco mais. Mesmo que, depois disso, você desapareça. Eu não tenho mais medo.

É que, de vez em quando, desisto. Eu queria que você me dissesse um tudo, mas você cala. Não há, no mundo, castigo maior.

Depois do beijo, sempre me seguro pra não dizer que te amo. O problema é que qualquer hora escapa. E aí escaparei junto.

Eu não posso mais amar, entende? Eu sou um velho, você uma ninfa. Que cala, sempre.

Isso daria um conto, claro, mas em ficção eu jamais conseguiria transpor a angústia que eu sinto quando você cala. E você sempre cala. Quando fala, são gotas. Torturantes gotas.

Amanhã, quando você vier, comprarei cadeiras.