quarta-feira, 29 de junho de 2011

Carinhos

Uma certeza sempre vem e bate a gente quando menos se espera. Uma certeza. Simples.

Penso agora que, se não me quer dar seu carinho, não o deveria querer.

E, agora, tenho quase certeza de que não o quero.

Quero carinho de quem quiser me dar. Quero o querer. Quero as vontades, o somatório das angústias das borboletas. A sofreguidão calma das noites em claro, quando um que ama arde em suor e não consegue dormir sem que, ao acordar, a imagem do amado seja a prima coisa à vista.


Quero um pôster.

Quero o desejo de ter uma foto, nem que seja pra guardar no fundo das gavetas. No pleno esquecimento dos armários.

Eu quero uma carta vazia, sem nada, sem cor nem piedade. Quero uma carta vazia de odores, de perseguições de coisas que não se pode ter.

Não posso ter seu carinho por que não me querer dar. Simples. Vou conviver com isto.


Até o dia que haja alguém que queira, por meus carinhos, dar-me os seus. Não em simples troca, que fique claro.


Mas por simples quereres.





segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sur Presa

Te amar, na verdade, sempre foi uma disputa. 

Batalha, venciam os medos os sonhos, sobrando vinho para um não sei como baixar as dores.

Te querer, em resumo, sempre foi loucura.

Movido a êxtases, me joguei do alto dos palácios não por diversão mas por carência.


Me molho e me lavo sozinho. Me acho e me acalmo dormindo. Desdenho, agora, das coisas. 


Esqueçeram-me em casa, sozinho e doente.


Surpresa: cultivei um pouquinho de amor e loucura, descontando a carência -  voltarei a amar, surpresa, alguém que não conheci.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Fui eu.

Não me arrependo assim de dizer o que te disse.
E agora, na parcimônia lúgubre dessas noites, descubro que eu não senti mais do que disse.
Cada palavra de amor foi, então, de exatidão.
Aqueles gestos de carinho foram de amor. Eu trouxe você no peito por muito tempo, achando que não iria errar.
Mas, como sempre, fui eu.

sábado, 11 de junho de 2011

Do amor virtude

Eu achei que, sendo um que ama, teria um hálibi. Achei que mitigaria minhas faltas, achei que sopesariam meus erros. Pensei que, com tanto amor e pecado e desejo, eu pudesse fazer você me ver diferente. Meu hálibi era amar.
Ocorre que eu amei e você não viu. Eu sei, você já disse mil vezes que sim, que viu e sentiu. Mas não. Eu agora penso que já não sei se realmente te amei, por que se tanta sede, tanto querer, tanta paixão e tantas palavras e cantos e poemas... se tantas coisinhas pequenas que demonstravam meu amor grande não foram suficientes para que você sentisse que eu te amava - é por que não te amei.
É possível que eu não tenha te amado mesmo ardendo em febre nas noites em claro sentindo sua falta? Nos dias que tirei a roupa pra você não sentir frio? Nos dias que te levei um chocolate de sobremesa e você não quis?
Nas horas, não poucas, que tirei só pra te dizer o quanto você me fazia bem e o tanto que eu queria só te fazer feliz, sem cobranças nem contas nem galhos... concluo, então, que meu amor nunca é virtude, nunca foi e nunca será.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Diagnóstico

Digo. Viver, por hora, é um tom menor.
Salvo. Capitaneio meus prazeres poucos.
Mancho. Lançado ao mar por um amor vazio deixado.
Desfaço. Publico em nuvens meu passado.
Queimo. Quando sinto o paralelo de não ter o te amar aqui.
Canso. Almoço as noites quieto, pensando acordado no ontem.

è uma dor não saber mais amar, não saber se há possibilidades. dizer um não negado se tornou assim simples. mesmo pra quem ontem amei. digo. viver, por hora, é um tom menor.