quinta-feira, 24 de março de 2011

Camas

A cama, onde agora resido, é meu paraíso.

Ontem, bem antes de ontem, quando você estava aqui, eu colhia em seus olhos um amor-sem-fim.

Hoje, restam migalhas de um nada.

Não pense que não vi seu rosto ruborescer dentro do carro, mesmo no escuro do outro lado da rua.

Não pense que ontem eu não vi que me viu e ruboresceu denovo.

Lembre que ontem, bem antes de ontem, você estava aqui, nua, e seu olhar corria meu corpo envenenando-o.

E eu morria um pouco cada vez que sentia que já não te amava.

Lamento calar isso agora. Calar que já sabia que te não amava. Que te não colhia suspiros. Que te.

Mas hoje a cama me disse, quando acordei:

- Vá, não há de que! Eu sei que, aquelas que você amou, jamais serão amadas tanto quanto. Elas sabem, também, por que jamais serão olhadas como você as olhou! Vá, não há de que!

Oh, cama! Doce cama! Você está ficando grande demais nessa minha insônia tanta...

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