Eu não escrevo poesias.
Isto não é e nunca será poesia. Não quero que seja e não será. Simples.
Dito isto, quero que saiba: escrevo-te agora cartas. Cartas mentais, que escrevo, leio e corrijo, aos poucos, durante todo o dia.
Algumas cartas, saiba, te entrego, num envelope fechado, me utilizando de beijozenvelopes. E você nem lê.
Outras cartas, saiba, eu escondo numa gaveta azul-memória - e não pretendo te entregar tão cedo. Sussuro: elas me entregariam!
Eu te escrevi uma carta, dia desses, dizendo que não queria te amar.
Ora, que tolice! Como é que eu não vou te amar, se te vendo eu reescrevo minha história - e as cartas que tinha já estão obsoletas...
Veja, perdoe minhas cartas assim. Eu não tenho compromisso literário em te amar. Meu compromisso é com a liturgia de te querer tanto e escrever cartas e mais cartas, todos os dias, sem te entregar.
Muito bem, eu confesso: eu me escondo nestas cartas e, me escondendo, me tranco também, nos envelopes - nos beijozenvelopes.
É um exercício, pequena, de literatura grande.
Eu gosto de amar, mas não quero. Eu não quero mais amar, pequena. Entenda!
Vou escrever isso numa carta e não vou te entregar, claro! É por que toda carta precisa de um envelope.
Um beijenvelopado.
Um comentário:
voltaste. beleza as usual.
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